Tara Verde e Seu Mantra

Tara (Sânscrito: Syamatara; Tibetano: Sgrol-ljang) é conhecida na filosofia budista como a Grande Deusa Bondosa, a Salvadora, “senhora dos barcos”, salva os ‘náufragos’ do mundo, leva-os do oceano do samsara para a ‘outra margem’ que é o nirvana. Sua essência é o ar, o vento, “nosso hálito da vida, inspirando-nos a viver, a nos movimentarmos e a agir de acordo com a verdade”. É considerada veloz, por sua atitude rápida a ajudar, sem impedimentos por sua grande sabedoria e compaixão. Ela é a divindade nacional do Tibete,  a grande mãe da compaixão, o aspecto feminino de Buda (do ser desperto), indissociável do estado desperto iluminado.

Tara, a Salvadora, a Libertadora, apareceu no século II. Seu culto se estendeu sobre praticamente todo o território afro-egeu-asiático e teve seus devotos por toda população pré-ariana da Índia.

A origem do culto de Tara é descrita pelo famoso escritor e historiador medieval Taranatha no seu livro de 1608: “A origem do tantra de Tara”. Segundo o autor, o mito de Tara conta que numa era muito antiga (um “eon” – o tempo entre o aparecimento e o desaparecimento de um Universo), havia uma princesa chamada “Lua de Sabedoria”, que era discípula de um Buddha, que era seu Guru e recebeu dela uma oferenda de 19.000m3 de preciosidades por sua imensa devoção. Por essa devoção esta princesa atingiu as mais altas realizações espirituais.

Foi lhe dito que, como um dos diversos resultados de sua prática, ela ia renascer como homem, pois era mais benéfico do que nascer mulher, porque poderia viver na floresta, ou numa gruta deserta, sem ser desejada. Mas a princesa não aceitou, pois já haviam muitos iluminados sob a forma masculina e a forma feminina poderia inspirar mais mulheres. Ficou em retiro e após longas meditações ela atingiu o altíssimo estado de “não origem”, o estado real da mente e dos fenômenos “incriados”, sem início ou fim, ilimitado.

A partir de então ela passou a ser conhecida como Tara (Tare ou Drolma) a “salvadora”, ou “aquela que libera” e também como Arya Tara, a Nobre Tara, a Salvadora, a Estrela, Grande Veloz, Protetora e Eliminadora dos Oito Medos. Tara é uma “deidade meditacional”, corporificação da atividade de todos os Buddhas.

Em seu mito, conta-se que Avalokiteshavara, o Buda da Compaixão, que em profundo pesar pelos sofrimentos do seres no samsara, derramou infindáveis lágrimas dos olhos formarando um lago no qual emergiu uma flor de lótus. Quando a flor se abriu, a maravilhosa Tara saiu de dentro dela, prometendo ao Buddha defender a todos os seres em todos os mundos, de forma imediata e heróica, para remover obstáculos, para proteção e em situações de medo. Conta-se também que na época de Buda Amogashidhi (em outro éon), Tara entrou em novo estado de concentração para proteger os seres do perigo dos medos e dos demônios e beneficiou muitos seres oferecendo-lhes muita ajuda imediatamente quando chamada. Este estado é chamado “a concentração que completamente conquista os demônios”. Por ser sempre veloz em socorrer, ela foi conhecida como rápida e corajosa.

O termo Tara é derivado da raiz “tri”, “atravessar”, possui o mesmo sentido em tibetano, correspondente a “Dreulma” ou “Drölma”. Como “Senhora do Barco”, ela conduz a alma que atravessa a corrente do samsara rumo à distante margem do nirvana. Tara tem o poder eterno de salvar as criaturas atravessando-os com total segurança pelo horrível “oceano da existência fenomênica, pois o mar inteiro é o brincar cintilante e ondulante de sua shakti”.

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O barco representa um símbolo de salvação. Tara é a Grande Deusa Bondosa que acalma a correnteza, com o apoio de suas inúmeras barqueiras trabalhando para salvar náufragos.

Tara é o arquétipo da Sabedoria interna que reside em todos os seres sencientes. Ela protege e guia até mais profundo inconsciente, ajudando a libertá-lo para a consciência.

Tara Verde é representada sentada sobre uma flor de lótus emergindo de um lago, porém quase todos os budas são apresentados sobre o lótus, sentados ou de pé. Veste roupas de realeza, com diversas cores e uma blusa ornamentada com jóias, mas que não cobrem seus seios. Na cabeça há uma tiara com jóias e um rubi ao centro simbolizando Amitabha, seu pai espiritual da família búdica do lótus. Cada mão mostra um mudra e possui o talo de uma flor de lótus com uma flor aberta e dois botões, indicando o alcance de sua atividade em todos os tempos. A perna esquerda está encolhida, indicando sua renúncia as paixões mundanas, mas a perna direita se estende e sai da flor, indicando sua presteza para acudir e ajudar todos os seres.

Seu mudra da mão direita é o de “dar-oferecer”, indicando sua habilidade para oferecer a todos os seres o que necessitam, enquanto a mão esquerda, na altura de seu coração, faz o mudra de “oferecer refúgio”.

Tara é descrita como “da cor da lua, calma, sorridente, sinuosa, irradiando luz de cinco cores…”. Sua terra pura chama-se “harmonia das folhas de turquesa”, mas possui 21 manifestações, com cores diferentes, que se expressam de acordo com a necessidade.

MANTRA PARA TARA VERDE

 OM -contém três sons: ah, oh e mm, e significa as imensuráveis qualidades dos corpos, da fala e das mentes dos seres iluminados.

T TARE: TARE -“Aquela que liberta.”

Tuttare: TUTTARE-“Que elimina todos os medos.”

Ture: TURE-“Que concede todo o sucesso.”

Soha SOHA -por si mesmo significa “Possam as bênçãos de Tara que estão contidas no mantra om tare tuttare ture se enraizarem nos nossos corações.”


Site: Revolução dos Índigos e Cristais: Tara Verde e seu mantra
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